Vale A Pena Alugar Suas Ações?

Para o investidor de longo prazo, alugar suas ações é uma boa forma de obter um retorno extra. Mas tome cuidado com contratos que você não consegue sair.

Rafael Ragazi 14/04/2020 12:00 7 min Atualizado em: 01/07/2021 18:32
Vale A Pena Alugar Suas Ações?

Para o investidor de longo prazo, alugar suas ações é uma boa forma de obter um retorno extra. Mas tome cuidado com contratos que você não consegue sair.

O que uma crise não faz...

A tabela a seguir traz o somatório das operações de empréstimos de ativos na B3 nos últimos 3 pregões.

Taxas de aluguel em 13/04. Fonte: B3

É isso mesmo que você está vendo: tem papel sendo alugado por uma taxa média de remuneração ao doador (já livre da comissão paga para a corretora) superior a 40 por cento.

Ao todo, 25 ativos têm pagado uma taxa maior do que nossa Selic atual.

Você pode ganhar uma renda extra maior do que a Selic, sem ter que abrir mão da valorização da sua ação ou dos proventos que ela pagar durante o período de aluguel.

Para o investidor de longo prazo, alugar suas ações é uma boa forma de obter um retorno extra. Ainda mais em um momento de estresse como o atual.

Hoje vou te explicar todos os detalhes deste tipo de operação.

O Short - Venda sem Ter

No mercado financeiro é possível vender algo que você não possui. Parece maluco, mas é verdade — e você ainda recebe o dinheiro da venda na sua conta. Esta operação é conhecida como short ou venda a descoberto.

O short tem a finalidade de apostar na queda do ativo ou de alavancagem da carteira — os recursos obtidos com a venda podem ser investidos em outros ativos.

Mas para impedir que um grande investidor venda infinitamente uma ação, a bolsa exige que o short alugue as ações.

Desta forma, o máximo de operações short será igual a quantidade de ações em circulação.

Ou melhor, o máximo de ações short será, apenas, a quantidade de ações que estão disponíveis no mercado para aluguel.

Seja um Doador de Ações

Você que possui ações em carteira pode disponibilizá-las para locação com a finalidade de gerar uma "rendinha" extra. As Ações, os units, os ETFs e os BDRs podem ser alugados.

Alugando suas ações você recebe uma taxa de aluguel normalmente baixa — por volta de 1 por cento ao ano, mas que em um momento como o atual, pode chegar a absurdos 44 por cento ao ano.

A grande vantagem de disponibilizar suas ações para aluguel é que você continua recebendo todos os direitos que possui como acionista.

Meus Preciosos Dividendos

Mesmo alugando as ações você recebe, normalmente, os proventos pagos pela empresa. Dividendos, juros sobre capital, etc. são pagos normalmente.

Apenas o direito de voto em assembleias é transferido para o tomador durante a vigência do contrato.

Dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP) são transferidos automaticamente para a conta do doador (você), no dia seguinte ao recebimento na conta do tomador (quem paga o aluguel).

A bolsa (B3) faz isso automaticamente.

No caso de bonificações durante a vigência do aluguel, os valores são corrigidos e repassados na liquidação do contrato.

Os Riscos de Aluguel são Todos da Bolsa

Alugar suas ações não envolve nenhum risco.

Quando você compra e vende uma ação no mercado, é a bolsa (Bovespa ou B3 ou BMF) que atua como sua contraparte e garante a operação.

E é a corretora a responsável por executar as garantias e realizar a liquidação financeira.

Ações Alugadas NÃO Podem ser Vendidas

O único problema em alugar suas ações é: você não pode vendê-las enquanto estão alugadas. Por isso, cuidado com contratos de aluguel em que você (doador) não pode sair a qualquer momento.

Para vender suas ações, você deve desfazer o aluguel antes. O aluguel tem remuneração, garantia e prazo predeterminados.

O ponto negativo em alugar suas ações é não poder se desfazer delas até a data do vencimento do contrato de aluguel.

Por isso, prefira os contratos reversíveis ao doador (você). Ou seja, você escolhe a data que deseja romper o contrato de aluguel.

Mas existe uma boa saída: com os atuais serviços automáticos de custódia remunerada oferecidos por grande parte das corretoras, não é necessário se preocupar com isso.

Explico.

Custódia Remunerada

As grandes corretoras, para facilitar a sua vida, inventaram uma forma de automatizar o serviço de aluguel. Além de cuidar de todo o operacional envolvido, este serviço lhe dá a flexibilidade de poder vender a qualquer momento, mesmo que as ações estiverem alugadas.

Logicamente, você paga pelo serviço. Parte dos seus ganhos serão divididos com a corretora como pagamento, mas nenhum desembolso da sua parte é necessário, uma vez que a comissão é descontada da taxa cobrada.

Caso sua corretora não ofereça este serviço automático, você precisa entrar em contato para manifestar o interesse no aluguel de determinada ação e por qual prazo deseja.

Ligue na sua corretora para entender como funcionam seus serviços.

Quanto você ganhará por isso?

A remuneração de quem aluga as suas ações varia muito. Depende da demanda e da oferta dos tomadores e doadores no mercado em determinado momento.

Ações com mais liquidez costumam ter maior oferta de doadores e menor taxa de aluguel — grandes investidores institucionais alugam suas ações.

As taxas de aluguel costumam variar de 0,10 por cento ao ano até 15 por cento ao ano, mas em momentos em que o mercado está muito “emotivo”, podem chegar a valores muito maiores.

Você será remunerado proporcionalmente ao tempo em que a ação ficou alugada.

No site da B3 (aqui), você pode conferir a lista completa com a taxa média atualizada de remuneração para o doador, já livre de comissão.

Imposto de Renda

O rendimento obtido com o aluguel é considerado de renda fixa, logo ele obedece a tabela regressiva de IR e é recolhido na fonte pela própria corretora. As alíquotas aplicadas são:

  • Até 180 dias — 22,5 por cento.
  • De 181 a 360 dias — 20 por cento.
  • De 361 a 720 dias — 17,5 por cento.
  • Acima de 720 dias — 15 por cento.

Você precisa apenas declarar em seu imposto de renda anual o rendimento com aluguel de ações no campo “Outros” de “Tributação Exclusiva/Definitiva”, assim como o repasse dos dividendos e JCP, no campo “Outros” de “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”.

Ambas as informações são obtidas facilmente no Canal Eletrônico do Investidor (CEI), no “Informe de Rendimentos Financeiros” e no “Informe de Reembolso do BTC”.

Conclusão

O aluguel de ações não envolve nenhum custo e permite ganhos adicionais com a taxa de aluguel recebida.

O risco é apenas operacional (da corretora) e você continua recebendo todos os proventos pagos pela empresa no período.

Você só precisa estar atento, quando desejar vender sua posição, se as ações estão alugadas — entenda bem o operacional do aluguel com sua corretora para evitar problemas.

Cada corretora possui uma forma de operar e não podemos responder por todas.

Pegue o telefone e ligue na sua corretora. É antiquado, mas funciona bem.

As que possuem o serviço de custódia remunerada permitem maior flexibilidade (mas ligue para confirmar também).

O imposto de renda é recolhido na fonte e seus ganhos já são depositados livres da comissão da corretora.

Alugue suas ações e seja feliz.

E esse tal de short, hein?

Mas se você ficou realmente interessado nas operações short e seu potencial de proteção ou alavancagem, hoje é o seu dia de sorte.

A única série da Nord que realiza este tipo de operação acabou de receber um reforço em sua equipe e vai fazer uma abertura temporária para aceitar novos assinantes.

No ANTI-Trader você terá acesso a manuais e vídeos explicando detalhadamente as operações short, que são comumente utilizadas na carteira recomendada.

Mas se mesmo assim restar qualquer dúvida (sobre isto ou sobre qualquer outro assunto), os assinantes podem entrar em contato direto com o Bruce pelo Telegram e ele responde pessoalmente.

Ficou interessado?

Acesse aqui e não perca esta oportunidade. A série deve fechar novamente em breve.

Abraço,

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