Voltando do feriado de Páscoa, mercados europeus operam predominantemente em queda ajustando-se à ressaca de ontem. Madrugada na Ásia foi igualzinha.
Por aqui, começamos o dia com esforços para virar a página: futuros gringo e brasileiro abrem em alta.
NY teve novo dia de sangue ontem. Mais uma vez, insisto: de tédio ninguém está morrendo.
No campo da narrativa, novas investidas de Trump contra empresas de tecnologia e desdobramentos da trade war com China, com Pequim anunciando novas tarifas de importação sobre produtos americanos.
A propósito, preços do aço no mercado doméstico americano já dão sinais de reação – viu, Gerdau (GGBR4)?
Se as forças motrizes são, efetivamente, essas, aí já tenho minhas dúvidas. Insisto na cantilena de sempre: valuations esticados, custo de capital em ascensão… sob as condições corretas, qualquer evento é um pretexto.
O que chama a atenção é que, a despeito de ter uma guerra lá fora, ouve-se baixinho os tiros de canhão na bolsa brasileira: está chacoalhando, sim, mas bem menos. Descolamos.
Ah, nós descolamos porque nossos fundamentos estão muito melhores. – já tomou seu remedinho hoje, filhote? Você não me parece muito bem…
Talvez estejamos tão atentos à agenda doméstica – mais especificamente ao juizo final de Lula no STF – que tenhamos ficado demasiado distraídos ao que se passa para além de terras tupiniquins – e isso costuma terminar em azia.
Diante de situações assim, a eterna pergunta é vendo tudo?
Combato veementemente esse modo binário – tô dentro/tô fora – de investir, pura e simplesmente porque todas as evidências sugerem que os resultados são ruins: você se mexe demais, perde na entrada, deixa na mesa na saída… enfim, é uma daquelas ideias que são lindas na teoria mas péssimas na prática.
Minha resposta é sempre a mesma: se você opera curto prazo, naturalmente já emprega mecanismos de proteção. Respeite-os. Se seu horizonte é mais longo, mais lhe importa se os preços ao nível atual das suas posições fazem sentido ou não – e só.
De novo, respeite a estratégia e não mude a regra do seu próprio jogo com o jogo rolando.
Chega a ser engraçado o charminho que a turma da indústria automotiva está fazendo para a solução construída pelo governo para viabilizar o Rota 2030, programa que vem em substituição ao finado Inovar-Auto.
O puxadinho prevê que os créditos tributários gerados por investimentos em pesquisa e desenvolvimento nestas paragens possam ser usados no abatimento de qualquer imposto federal ao longo dos primeiros três anos de vigência do programa – depois, somente IR e CSLL.
De qualquer forma, abstraindo meus juízos de valor, a experiência do Inovar-Auto bem demonstrou que Mahle Metal Leve (LEVE3) se vê em posição privilegiadíssima para gerar valor em cima desses esforços locais de pesquisa.
Ricardo Schweitzer, CNPI
Em observância à ICVM 483, declaro que as recomendações constantes no presente relatório de análise refletem única e exclusivamente minhas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente e autônoma.
Possui 14 anos de experiência no mercado financeiro. Antes de fundar a Nord Research passou pela Adviser Asset, Fundação CEEE, Sicredi Asset, Votorantim Corretora e Empiricus Research. Formou-se em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.