Grande parte dos mercados europeus seguem fechados hoje. A caça aos ovos foi longa, e tempo adicional de digestão se fez necessário – a Lindt agradece.
Do lado de cá do Atlântico, futuros americanos começam o dia em queda: com mercado ainda digerindo a tormenta que acometeu o Facebook e reverberou nas demais empresas de social media, agora é a Amazon quem é vitimada por declarações de Trump.
Fecho esta edição antes da abertura dos futuros aqui. Palpite? Normalmente é o cachorro quem abana o rabo, então…
A digestão do chocolate teria sido melhor, no Palácio da Alvorada, não fosse entremeada com reflexões sobre as potencias repercussões da operação Skala, deflagrada peal PF na última quinta-feira: foram em cana os amigos de Temer José Yunes, Coronel Lima e Wagner Rossi (ex-ministro, lembra?), tudo por conta de suposto esquema de propina no âmbito do Decreto dos Portos.
Tudo indica que a armada de Raquel Dodge está com canhões voltados para o Planalto, e que uma nova denúncia contra o Presidento será apresentada em breve. Ao contrário do visto nas ocasiões anteriores, talvez não haja tanta disposição assim em sustentá-lo.
E, principalmente: a essa altura do campeonato, um fato político dessa natureza pode fazer com que naufraguem as pretensões eleitorais de Temer nas próximas eleições gerais. Pode ser a guinada da qual precisava Meirelles, que filiar-se-á ao MDB amanhã, para assumir o timão.
Boletim Focus da semana consagra a convergência do Top 5 em torno de uma Selic a 6,25 no final do ano, em linha com o discurso do BC.
Na entrevista concedida na última quinta-feira, após divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, Ilan reforçou o tom: após esse último ajuste, é hora de parar e observar mesmo – salvo, evidentemente, venha algum evento externo muito avassalador.
Parece que, por ora, deu mesmo.
Indicadores de inflação nos EUA vieram mais amenos do que inicialmente imaginados: o núcleo da inflação apresentou alta de 1,6 por cento, forçando revisões para baixo das projeções de preços por lá.
Reflexo em juros. Alivia – momentaneamente, pelo menos – preocupações sobre o calor da atividade por lá, com a economia crescendo em ritmo bastante forte.
Ativos de risco agradecem. Muito embora, a quem interessar possa, valha informar que o 1T18 foi o primeiro trimestre de perdas para S&P e Dow desde 2015.
Deve ser bem recebida a nova política de remuneração aos acionistas anunciada pela Vale (VALE3) no último dia 29.
A companhia passará a pagar proventos em duas parcelas semestrais, sendo a primeira em setembro do ano corrente e a segunda em março do ano subsequente, e o valor mínimo equivalerá a 30 por cento do EBITDA menos investimentos.
É uma bela dose de previsibilidade que se adiciona na conta – o que, considerando todas as incertezas que já são inerentes ao segmento de atuação da companhia, é mais do que bem-vindo.
Aplicado o conceito para o exercício de 2018, considerando-se previsões de mercado para os resultados da companhia, teríamos dividendos da ordem de 4 bilhões de dólares. Não é mau para os padrões da empresa.
Negociando a 9,5 vezes lucros, Vale está descontada em relação a Rio Tinto (11,6x) e BHP (14,1x).
Recado do Bruce Barbosa:
Braskem (BRKM5) divulgou ótimos resultados para o 4T17 e as ações dispararam +6,8 por cento – a maior alta do índice na última quinta-feira.
Nada mal. Parece que o mercado foi pego no contrapé pelo adiamento (mais um) dos resultados da petroquímica.
Mas mérito também de bons resultados operacionais e boas perspectivas para os spread petroquímicos em 2018.
Braskem reportou receita líquida de +5 por cento, na comparação anual, Ebitda +24 por cento e voltou a apresentar lucros bastante polpudos.
Se 2017 foi bom, para 2018, BRKM tem expectativa de crescimento de +12 por cento no spread de polipropileno e +3,6 por cento no polietileno – mesmo com a entrada de nova capacidade no setor.
Braskem produz commodities e é controlada por Odebrecht e Petrobras (PETR4) – duas coisas que nos deixam altamente desconfortáveis com este negócio.
Mas BRKM lucrou 4 bilhões em 2017 para um patrimônio de 5,7 bilhões – Isso mesmo, um ROE de 70%.
A companhia ainda negocia a míseros 5,3x Ebitda e 9x lucros, enquanto suas competidoras (nenhuma delas com este nível de rentabilidade) negociam acima de 8x-10x.
Além disso, BRKM ainda investe em uma nova planta nos EUA, se aproveitado de uma brecha de mercado – enquanto as competidoras digerem sua nova capacidade.
E tudo isso em uma empresa dolarizada e com um belo gatilho – a Petro já anunciou seu plano de se desfazer de sua participação. Não sou de colocar minhas fichas em M&A, mas companhia barata e geradora de caixa não se acha em qualquer esquina.
Por tudo isso (e mais) BRKM é parte de nosso maravilhoso portfólio do Investidor de Valor.
Ricardo Schweitzer, CNPI
Em observância à ICVM 483, declaro que as recomendações constantes no presente relatório de análise refletem única e exclusivamente minhas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente e autônoma.
Possui 14 anos de experiência no mercado financeiro. Antes de fundar a Nord Research passou pela Adviser Asset, Fundação CEEE, Sicredi Asset, Votorantim Corretora e Empiricus Research. Formou-se em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.