A noite foi relativamente calma nos mercados asiáticos, e o dia começou ameno na Europa. Tanto em Nova York quanto por aqui, futuros abrem em ligeira alta.
Ao que tudo indica, após uma segunda-feira turbulenta a turma entrou em compasso de espera pela decisão do Fomc amanhã.
E lembrem-se: hoje começa Copom.
Já se vão pouco mais de 11 anos de mercado, mas ainda lembro bem dos primeiros dias. Recordo-me especialmente de como era interessante ver os assessores de investimento falando com seus respectivos clientes ao telefone.
O cliente sempre queria uma explicação racional para tudo. Por que XPTO4 está subindo 0,5%? Por causa de um dado recém saído nos EUA. Já ABCD6 cai 0,346% porque está buscando o suporte que, se rompido — peraí, deixa eu traçar o Fibonacci… — vai a… E os comentários mais amplos? Mercados hoje reagem ao pronunciamento de fulano de tal, etc, etc.
O divertido era que nem aqueles sujeitos, sentados em torno de uma mesma mesa, chegavam a um consenso sobre o que se tratava — e, na maior parte do tempo, o que reproduziam era um amontoado de ouvi falar.
Onde quero chegar?
É importante saber o que se passa, mas é igualmente importante ter em mente que correlação não implica causalidade. A ocorrência simultânea de A e B não implica que A causa B ou vice-versa.
Vivemos constantemente tentando construir racionais que expliquem o dia-a-dia do mercado, muitas vezes desconsiderando que parcela significativa do curto prazo não obedece a esse mesmo nível de racionalidade.
O curto prazo é ruído, informação desencontrada, fluxo, confusão. No longo, isso é tudo descontado.
Ontem houve quem acreditasse que nossa bolsa caía por conta do IBC-Br mais fraco e por temores de um habeas corpus favorável ao Lula. Só esqueceram de checar que Nova York derretia — e, ao que me consta, ainda é o cachorro quem abana o rabo, e não o contrário.
E principalmente: importa? Para as suas teses de investimento, importa se a bolsa sobe ou cai hoje por conta de Nova York ou do Lula? Suspeito que não: no limite, o movimento de preços abre oportunidades de compra ou venda, e só.
Não se deixe guiar por ruído: isso interessa única e exclusivamente a quem fatura em cima da sua inquietude.
Quando se trata de encontros multilaterais, não raro os movimentos aos quais mais se deve dispensar atenção são os de bastidores: são as reuniões paralelas ao evento principal que constituem o créme de la créme do negócio.
Chamo a atenção para as articulações às sombras do G-20 em Buenos Aires: Meirelles deve se encontrar hoje com o Secretário do Tesouro americano, Seteven Mnuchin, para pugnar uma revisão da sobretaxação de 25% do aço brasileiro.
Avanços na questão seriam muito bons para Usiminas (USIM5), que tem boa tradição na exportação de laminados de alto valor agregado para a terra do Tio Sam.
Ricardo Schweitzer, CNPI
Em observância à ICVM 483, declaro que i) as recomendações constantes no presente relatório de análise refletem única e exclusivamente minhas opiniões pessoais e foram elaboradas de forma independente e autônoma; ii) não possuo vínculo com pessoa natural que trabalhe para o emissor de qualquer valor mobiliário mencionado neste relatório; iii) não sou titular de valores mobiliários objeto deste relatório; iv) não estou envolvido, direta ou indiretamente, na aquisição, alienação ou intermediação dos valores mobiliários objeto deste relatório; v) não tenho qualquer interesse financeiro em relação a qualquer dos emissores objeto deste relatório.
Possui 14 anos de experiência no mercado financeiro. Antes de fundar a Nord Research passou pela Adviser Asset, Fundação CEEE, Sicredi Asset, Votorantim Corretora e Empiricus Research. Formou-se em economia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.