A Falsa Segurança Das Projeções

A indústria financeira e sua obsessão por prever o futuro.

Rafael Ragazi 23/07/2019 03:00 2 min Atualizado em: 19/04/2021 21:33
A Falsa Segurança Das Projeções

A avançada matemática não te ajuda

A origem dessa obsessão provavelmente está na maneira como as pessoas são ensinadas a investir.

O conceito de comparar o valor intrínseco e o preço é facilmente assimilado. A ideia de pagar por algo, menos do que ele vale, é brilhantemente simples.

Uma das variáveis, o preço, está na tela à nossa frente. Logo, a preocupação está em como estimar o valor.

A técnica mais utilizada é a do FCD (Fluxo de Caixa Descontado), em que os fluxos de caixa de uma empresa são projetados para os próximos anos e trazidos a valor presente por uma taxa de desconto.

A visão de Charlie Munger (que dispensa apresentações) sobre o tema pode ser resumida na frase a seguir – em tradução livre:

“Algumas das piores decisões que eu vi foram aquelas com projeções e descontos a valor presente. Parece que avançada matemática, com sua falsa precisão, deveria ajudar, mas não ajuda. Eles ensinam isso nas universidades porque, bem, eles precisam fazer alguma coisa.”

Correndo atrás do próprio rabo

Quando um analista senta em sua mesa e começa a trabalhar no seu modelo, ele precisa projetar receitas, custos, margens, impostos e uma infinidade de outros números que vão afetar os fluxos de caixa projetados.

E na maioria dos casos, estas projeções vão de hoje, até o infinito. Projeções para sempre.

Pra piorar, cada linha de resultado projetado não é um evento independente. Logo, um erro qualquer influência tudo aquilo que está abaixo dele.

Qual a chance do resultado final de toda essa projeção estar correto?

Grande abraço,

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